Blog do Observatório do Trabalho


Este é um espaço aberto para discussões sobre o mundo do trabalho e políticas públicas relacionadas a Trabalho, Emprego e Renda na Região Metropolitana de Campinas. Ele está a disposição de todos aqueles que discutem essa temática, sejam eles dirigentes sindicais, gestores públicos, políticos, acadêmicos entre outros.


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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Construção civil criará 180 mil vagas em 2010, aponta Dieese

JORNAL DO COMÉRCIO (RS) • ECONOMIA • 11/5/2010 • 18:59:23

A construção civil deverá gerar um saldo de 180 mil empregos formais no País em 2010, de acordo com estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada nesta terça-feira (11). O número é pouco maior que os 177.185 novos empregos criados em 2009. Os empregos formais correspondem a apenas 28% da força de trabalho do setor, segundo o estudo da entidade a partir dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

O Dieese avalia que as perspectivas de investimentos no setor, em programas como o "Minha Casa, Minha Vida" e as obras necessárias para a Copa 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, devem fazer com que o emprego na construção civil siga em alta. Na avaliação da entidade, os setores que receberão os maiores investimentos ao longo deste ano serão o imobiliário residencial e o energético.

"A meta é que os investimentos cresçam de R$ 476 bilhões para R$ 625 bilhões. No setor imobiliário, os investimentos deverão passar de R$ 170 bilhões (2009) para 202 bilhões. A Copa deverá injetar pelo menos R$ 155,7 bilhões na economia brasileira, conforme estudo da Fundação Getúlio Vargas", informa o estudo do Dieese. A Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) estima que o setor da Construção será responsável pela criação de 3,5 milhões de empregos em função da Copa 2014.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Um em cada quatro estabelecimentos na RMC possui apenas um vínculo empregatício

Foi realizado ontem pelo Observatório do Trabalho o Seminário: "A Gerãção de Emprego nos Pequenos Negócios da Região Metropolitana de Campinas".

Ao longo de 2009, foram geradas mais de 20 mil vagas de emprego nos estabelecimentos com menos de 9 vínculos empregatícios, enquanto os demais estabelecimentos tiveram saldo negativo superior a 2 mil vagas. Nos anos anteriores, a tendência de maiores contratações nos estabelecimentos menores também foi veirificada, fato que chama atenção para esses pequenos, responsáveis pela geração de vagas e pela matunção do emprego principalmente em 2009, ano que a economia sofreu com a crise internacional.

Atualmente existem na RMC em torno de 52 mil estabelecimentos dos quais 77,1%, isto é 40,5 mil, possuem até 9 empregados. Em relação ao número de empregados, 15% da mão de obra formal está empregada nesses estabelecimentos.

Esses dados mostram o quanto esses pequenos são importantes para o emprego na RMC, merecendo maior atenção dos órgãos públicos no que se refere a elaboração de políticas públicas de auxílio a esses estabelecimentos para que, além de gerarem mais vagas, essas vagas tenham, cada vez mais, maior qualidade e maior nível de remneração.

O estudo completo será encaminhado aos membros. Caso ainda não seja cadastrado para receber os relatórios e estudos do Observatório do Trabalho, enviei um e-mail para ajungbluth@dieese.org.br solicitando sua inclusão.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Seminário - Retificação

Gostaríamos de fazer uma retificação na programação do Seminário "A Geração de Emprego nos Pequenos Negócios da Região Metropolitana de Campinas".

Ele será realizado no dia 05/05 (quarta-feira) e terá início às 9h00 (e não às 8h30 como foi informado anteriormente) no CPAT-Campinas.

Endereço:
CPAT – Centro Público de Apoio ao Trabalhador – Campinas
Avenida Dr. Campos Sales, 427 - Centro


Programação:

09h00 Abertura
Maristela Braga – Secretária Municipal de Trabalho e Renda

09h15 Painel:
A Geração de Emprego nos Pequenos Negócios da Região Metropolitana de Campinas

Apresentação:
Adriana Jungbluth – DIEESE/Observatório do Trabalho

Debatedores:
Anselmo Luis dos Santos – Professor Doutor e Pesquisador do CESIT-IE/UNICAMP
Tais Fernanda Camargo Antonio – Analista de Negócios do Sebrae (Escritório Regional Sudeste Paulista)
Laerte Martins – Observatório do Trabalho


11h30 Encerramento

Mínimo completa 70 anos valendo a metade do seu valor inicial

CÂMARA FEDERAL (DF) • ÚLTIMAS NOTÍCIAS • 30/4/2010 • 18:33:00

Neste sábado, quando completa 70 anos, o atual salário mínimo (R$ 510) vale aproximadamente a metade do que valia na data da sua criação, segundo cálculo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Em 1º de abril de 1940, o salário mínimo de São Paulo era de 220 mil réis, que equivalem a R$ 1.109. Apesar de ser exato, esse número é apenas uma referência. "É difícil comparar, porque o padrão de consumo era diferente. Por exemplo, muito do que se comia em casa vinha da horta no quintal", observa o supervisor técnico do Dieese no Distrito Federal, Clóvis Scherer.

Havia 14 mínimos diferentes, que variavam conforme o custo de vida de cada região, mas supostamente todos compravam as mesmas coisas. No interior do Nordeste, por exemplo, o mínimo era de 90 mil réis, enquanto o do Rio de Janeiro (o maior do País) era de 240 mil réis. O único valor atualizado pelo Dieese foi o de São Paulo.

Atualmente, 32,4 milhões de brasileiros recebem o mínimo, segundo o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Rodolfo Hoffmann. Desse total, 18,5 milhões são aposentados e pensionistas e 13,9 milhões são empregados. Segundo o Dieese, o mínimo é referência para os rendimentos de 46 milhões de brasileiros.


Oscilações

Desde sua criação, o salário mínimo oscilou, sempre refletindo o momento político e econômico do País. Teve uma trajetória de queda nos anos de inflação alta, principalmente na década de 80, mas começou a recuperar seu poder de compra a partir do Plano Real, em 1994, e principalmente nos últimos anos. Entre abril de 2002 e janeiro de 2010, teve um aumento real (descontada a inflação) de 53,67%.


O valor de hoje é o maior desde 1986, quando o salário médio real foi de R$ 517,22. O menor valor real da história do salário mínimo foi R$ 249,56, em 1995. O maior valor real, ainda segundo o Dieese, foi em janeiro de 1959 (governo JK), quando chegou a R$ 1.612 (valor atualizado).


Política de valorização

Para evitar a volta das oscilações para baixo, a Câmara discute uma política de valorização do mínimo. A Medida Provisória 474/09, que tranca a pauta do Plenário, aumentou seu valor de R$ 465 para R$ 510 em 1º de janeiro passado. Essa MP também contém diretrizes para a política de valorização do mínimo, com base na reposição integral da inflação do ano anterior somada a um aumento real equivalente à variação anual do Produto Interno Bruto (PIBIndicador que mede a produção total de bens e serviços finais de um país, levando em conta três grupos principais: - agropecuária, formado por agricultura extrativa vegetal e pecuária; - indústria, que engloba áreas extrativa mineral, de transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção civil; e - serviços, que incluem comércio, transporte, comunicação, serviços da administração pública e outros. A partir de uma comparação entre a produção de um ano e do anterior, encontra-se a variação anual do PIB.) registrada dois anos antes.


Segundo o texto, o Poder Executivo enviará ao Congresso até março de 2011 projeto de lei com as diretrizes de valorização do mínimo entre 2012 e 2023. O senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou emenda à MP para vincular o aumento de aposentadorias e pensões ao reajuste do mínimo.



Próximo reajuste

Enquanto não se define a política de valorização, os deputados já se preocupam com o aumento do próximo ano. Arnaldo Faria de Sá e Paulo Pereira da Silva afirmam que não será possível levar em conta, nesse reajuste, a variação do PIB em 2009, que foi negativa (-0,2%). Os parlamentares estão negociando com o governo para que seja considerado o PIB de 2010.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

SEMINÁRIO EM COMEMORAÇÃO AO DIA INTERNACIONAL DO TRABALHO

A Geração de Emprego nos Pequenos Negócios da Região Metropolitana de Campinas

05 de Maio de 2010
CPAT – Centro Público de Apoio ao Trabalhador – Campinas
Avenida Dr. Campos Sales, 427 - Centro
08h30 às 12h00

Programação


08h30 Café da manhã e cadastramento



09h00 Abertura
Maristela Braga – Secretária Municipal de Trabalho e Renda



09h15 Painel:

A Geração de Emprego nos Pequenos Negócios da Região Metropolitana de Campinas

Apresentação:
Adriana Jungbluth – DIEESE/Observatório do Trabalho


Debatedores:
Anselmo Luis dos Santos – Professor Doutor e Pesquisador do CESIT-IE/UNICAMP
Tais Fernanda Camargo Antonio – Analista de Negócios do Sebrae (Escritório Regional Sudeste Paulista)
Laerte Martins – Observatório do Trabalho



11h30 Encerramento


Participe!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Crescimento esperado do desemprego

Em comportamento típico para este período do ano, a taxa de desemprego metropolitano passou de 13,0%, em fevereiro, para 13,7%, em março. Apesar do crescimento, a taxa é a menor para o mês de março, desde 1998, no conjunto das regiões acompanhadas pelo Sistema PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) - Distrito Federal e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. A pesquisa é realizada pelo convênio mantido entre DIEESE e Fundação Seade, com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego e parceria com instituições e governos regionais, e registrou ainda uma queda de 9,3% na taxa quando a comparação é feita com março de 2009, ocasião em que o desemprego correspondia a 15,1% da população economicamente ativa.

Ainda que o crescimento da PEA - que totalizou 20.190 mil pessoas, em março, nas regiões pesquisadas - tenha sido pouco expressivo no mês (11 mil pessoas incorporaram-se ao mercado de trabalho), o total de desempregados chegou a 2.767 mil, o que representa um aumento de 149 mil pessoas em relação ao mês anterior. Este incremento resultou da redução de 0,8% no nível de ocupação, com o fechamento de 137 mil postos de trabalho. Assim, o total de ocupados nas seis regiões investigadas foi estimado em 17.423 mil pessoas. Em comparação com março de 2009, porém, o total de desempregados é de 228 mil a menos e o número de ocupados de 591 mil a mais.

O fechamento de postos de trabalho é esperado no primeiro trimestre, quando são dispensados trabalhadores contratados para dar conta do aquecimento da economia habitual dos últimos meses de cada ano. Em março, a eliminação de vagas concentrou-se no setor Serviços (-115 mil ocupações) e no Comércio (- 55 mil). Por outro lado, a Indústria mostrou aquecimento, com a abertura de 31 mil postos. Também a Construção Civil teve comportamento positivo, com a criação de 21 mil empregos. A compararação em 12 meses indica um crescimento no total de ocupações de 3,5%, resultado do bom desempenho de quase todos os setores. O maior crescimento ocorreu na Construção Civil (11,6%). No Comércio o avanço foi de 5,5% e na Indústria, de 4,4%.

Apesar da redução no total de ocupados, foi mantida a geração de postos com carteira assinada no setor privado (42 mil). Nos demais segmentos, houve eliminação de vagas, como, por exemplo, para assalariados sem carteira, autônomos e empregados domésticos. Também em relação a março de 2009 o principal destaque é a expansão do total de postos com vínculo formal, que cresceu 8,4%.

O rendimento médio real dos ocupados praticamente não variou em fevereiro (-0,1%) e seu valor ficou em R$ 1.274. Para o salário médio real, houve queda de 0,7%, e ele correspondeu a R$ 1.340. Na comparação com fevereiro de 2009, tanto o rendimento dos ocupados quanto o dos assalariados registraram crescimento de 0,4%.


Comportamento das regiões

Em março, o desemprego cresceu em todas as sete regiões onde o DIEESE e a Fundação Seade, com o apoio do MTE, realizam a Pesquisa de Emprego e Desemprego. O maior incremento (7,4%) ocorreu em São Paulo, onde a taxa passou de 12,2%, em fevereiro, para 13,1%. Em 12 meses, porém, houve recuo de 12,1%, uma vez que em março de 2009, a taxa correspondia a 14,9%. Em Salvador, a taxa aumentou 5,9%, passando de 18,8% em fevereiro, para 19,9%, em março. Em comparação com o ano passado - quando a taxa foi de 20,1% - houve queda de 1,0%. Na RM de Belo Horizonte, o desemprego cresceu 5,2%, com a taxa evoluindo de 9,7% para 10,2%, na comparação entre fevereiro e março. Em março de 2009 a taxa era igual a atual. No Distrito Federal, a taxa de 14,7%, registrada em março, é 4,3% maior que a de fevereiro (14,1%) e 14,5% menor que a de março de 2009 (17,2%). Em Fortaleza, região ainda não incluída na taxa metropolitana, a taxa de desemprego alcançou 10,2%, em março contra 9,9%, em fevereiro e 12,8% de março do ano passado. A taxa de desemprego, em Porto Alegre ficou, em março, em 9,8%, 2,1% maior que a de fevereiro (9,6%) e 16,2% menor que a de março de 2009 (11,7%). Recife apresentou o menor crescimento da taxa (1,6%), em março (9,8%) comparado com fevereiro (9,6%). Em relação a março de 2009 a taxa caiu 4,9%, pois então correspondia a 20,3%.

Em março, o nível de ocupação teve variação negativa em todas as regiões pesquisadas. Em Salvador, a queda foi de 1,3%; em São Paulo, de 0,9%; em Fortaleza, de 0,7%; em Belo Horizonte, de 0,6%; no Distrito Federal, de 0,6% e em Porto Alegre houve retração de 0,4%. Em Recife foi apurada relativa estabilidade (-0,1%). Na comparação anual, todas as regiões apresentaram desempenho positivo: Distrito Federal, alta de 6,1%; Fortaleza, 5,9%; Recife, 4,4%; São Paulo, 3,8%; Salvador, 2,4%; Belo Horizonte, 2,3% e Porto Alegre, 2,1%.

O rendimento médio real dos ocupados teve comportamento diferenciado nas regiões pesquisadas, em fevereiro comparado com janeiro. No Distrito Federal, houve redução de 1,6%, com seu valor passando a R$ 1.811. Também em São Paulo, ocorreu queda, neste caso de 0,6%, e o valor médio correspondeu a R$ 1.309. O mesmo recuo foi verificado em Belo Horizonte, com seu valor ficando em R$ 1.295. Em Salvador houve relativa estabilidade (-0,1%) e seu valor foi de R$ 1.024. Recife apresentou crescimento de 2,9%, com o valor médio chegando a R$ 841; em Porto Alegre o aumento foi de 2,7%, passando a equivaler, em média, a R$ 1.267; e em Fortaleza, houve incremento de 2,2%, e passou a corresponder a R$ 795. Também em 12 meses o comportamento do rendimento médio real foi diferenciado, com elevação em Recife (5,9%), Belo Horizonte (3,4%), Salvador (2,1%) e Porto Alegre (2,0%). Por outro lado, houve queda no Distrito Federal (-6,4%) e em Fortaleza (-1,2%) e relativa estabilidade em São Paulo (-0,2%).


Infelizmente, essa Pesquisa ainda não é realizada na Região Metropolitana de Campinas, portanto, não existem dados disponíveis para a região.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Emprego com carteira já passa de 50%

O Estado de S. Paulo - 26/04/2010

Raquel Landim

Décimo terceiro salário, férias remuneradas, fundo de garantia e aposentadoria não são mais privilégios de uma minoria de brasileiros. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, pela primeira vez em 16 anos, metade dos trabalhadores das metrópoles do País tem a carteira assinada pelas empresas do setor privado.

A fatia de contratados em regime de CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) atingiu 50,3% do total de ocupados em janeiro e 50,7% em fevereiro, conforme o IBGE. A informalidade nas metrópoles está em um de seus níveis mais baixos: 36,7% dos ocupados (18,1% trabalham sem carteira assinada e 18,6% por conta própria). Em fevereiro, os empresários respondiam por 4,5% do total, militares e funcionários públicos por 7,5%.

É a primeira vez que o setor privado emprega com registro metade dos trabalhadores das grandes cidades desde março de 1994, quando a abertura da economia, o câmbio valorizado, e a expansão dos serviços fechavam vagas nas indústrias. Em números absolutos, significa 11 milhões de pessoas com carteira assinada nas grandes cidades.

O resultado de março será divulgado na quinta-feira. Para analistas, a previsão é de alta comparado aos 49,3% de vagas formais de março de 2009. A tendência de avanço da fatia de trabalhadores com carteira é consistente. Em março de 2004, respondia por 43,9% dos ocupados, saltou para 45,7% em março de 2006, 48,3% em março de 2008.

"A formalização do trabalho e a recuperação dos salários demonstram como o Brasil saiu rápido da crise", disse o secretário-geral da Confederação Única de Trabalhadores (CUT), Quintino Severo. Para o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, "é um círculo virtuoso, porque a expansão da economia gera mais formalização, que volta a alimentar o crescimento."

Segundo especialistas, vários motivos explicam a disposição das empresas em assinar a carteira do trabalhador, apesar do peso dos impostos. O principal é o crescimento da economia, mas também influenciam inflação controlada (que traz previsibilidade), expansão do crédito (os investidores exigem o cumprimento das leis antes de colocar dinheiro em uma empresa) e maior fiscalização.

Desafios. Apesar dos avanços, quase 8 milhões de pessoas tem um emprego precário nas metrópoles do País, segundo o IBGE. No interior, esse número se multiplica, porque as cidades concentram o emprego formal. Na agricultura, a produção de subsistência é quase toda informal. Entre as 6,5 milhões de empregadas domésticas brasileiras, apenas 1,5 milhão tem carteira assinada. Muitas pequenas e médias empresas trabalham na informalidade, porque não conseguem pagar os impostos e encargos sociais que fazem um trabalhador custar para a empresa o dobro do seu salário.

Convite

Em comemoração ao dia do Trabalho, a Secretaria Municipal de Trabalho e Renda de Campinas está organizando uma semana especial de eventos ligados ao trabalho.
No dia 05/05 a partir das 8h30, o Observatório do Trabalho realizará o Seminário "A Geração de Emprego nos Pequenos Negócios da Região Metropolitana de Campinas".
A agenda completa e mais detalhes do Seminário serão disponibilizados em breve.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A volta do investimento

Júlio Gomes de Almeida - Professor de Economia da Unicamp
16/04/10 07:13
http://www.brasileconomico.com.br/noticias/a-volta-do-investimento_80768.html

A crise interrompeu um ciclo de investimentos que se desenvolvia no Brasil. Mas, na medida em que seus efeitos foram controlados, não foi removida a perspectiva favorável que nutre a decisão de investir, vale dizer, a expectativa de um mercado em expansão que torna possível ao empresário antecipar uma atrativa rentabilidade do capital.

Por isso, assim que a economia mostrou sinais de que deixava o pior para trás, a disposição de apostar no futuro reapareceu e a "febre" de novos projetos foi revivida.

O risco de interrupção de um processo como esse que é difícil de ser desencadeado deveria merecer avaliação cuidadosa pelo governo antes de voltar a elevar a taxa de juros.

No setor industrial o retorno ao investimento é generalizado e, a despeito do forte aumento da demanda, já se mostra capaz de estabilizar a utilização da capacidade produtiva em um nível confortável como 84%.

A Fiesp divulgou nessa semana o resultado de um levantamento sobre a intenção de investir da indústria em 2010. Apurou um aumento de 26% sobre o ano anterior. Antes, uma pesquisa da CNI mostrou basicamente o
mesmo, ou seja, que o investimento está em franca aceleração.

Isso pode assegurar o atendimento da demanda sem pressões sobre os preços e, simultaneamente, confere atratividade a novos investimentos que irão agregar capacidade de produção à economia. Em outros setores, como infraestrutura e habitação, é também muito significativa e disseminada a disposição de investir.

Mas, dada a virtual ausência de crédito de longo prazo no sistema bancário do país e as limitações do mercado doméstico de ações e de títulos corporativos, o presente ciclo de inversões pode esbarrar em limitações do
financiamento.

As operações do BNDES e do sistema de poupança vêm preenchendo parcialmente a lacuna do financiamento doméstico e, por isso, são absolutamente indispensáveis, mas podem não ser suficientes quando há uma grande evolução das inversões e consequente aumento da demanda por recursos de longo prazo.

O BNDES vem suprindo as maiores necessidades de fundos mediante uma grande colocação de títulos de dívida pública que talvez encontre um limite proximamente. No caso da habitação, o sistema em vigor se beneficiou da maior captação de depósitos de poupança durante o período de crise, mas esse impulso pode perder força, enquanto a demanda de financiamento do setor pode vir a crescer ainda mais.

Em suma, reduzir de modo significativo a escassez de fundos de longo prazo é condição importante para que o ciclo de investimentos tenha sequência.
Existem lacunas nesse ciclo que precisam ser apontadas, por exemplo, na exportação e na inovação.

No primeiro caso, o câmbio valorizado e outros fatores elevam o custo de produção no país e impedem que decolem os projetos da área; no segundo, os investimentos irão aumentar à medida que o crescimento econômico mostre maior sustentação, mas incentivos mais eficazes poderiam ajudar a antecipá-los.


Julio Gomes de Almeida é professor de economia da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mão de obra pressiona custo das empresas

Valor Econômico - 19/04/2010
João Villaverde e Sergio Lamucci, de São Paulo

Os salários estão em alta e a demanda por mão de obra não para de crescer. A rotatividade no mercado de trabalho, tradicional instrumento de redução de custos com funcionários de salários mais altos, perde eficácia. Graças à intensa procura por trabalhadores, os salários estão subindo para níveis cada vez mais elevados. Os contratados com carteira assinada em fevereiro receberam o equivalente a 97% do salário dos demitidos - o segundo maior nível da década, inferior apenas aos 98% atingidos em janeiro de 2008, segundo estudo da LCA Consultores.

Com o aumento da demanda dos empresários por mão de obra para ampliar a produção e os negócios, os sindicatos ganham musculatura e fortalecem seu poder de barganha nas empresas, diz o economista Fábio Romão, da LCA. Em momentos de aquecimento do mercado de trabalho, estreita-se a diferença entre os salários dos demitidos e contratados, como agora. A melhora ocorreu especialmente a partir do segundo semestre do ano passado. Em junho de 2009, num momento em que o mercado de trabalho ainda patinava, a remuneração dos admitidos caiu a 86% do valor da que era obtida pelos desligados.

Para Romão, a alta na remuneração se deve principalmente a um movimento rápido de recomposição da mão de obra na indústria, que paga salários mais elevados que os outros setores. Ele acredita que a indústria pode zerar os postos de trabalho perdidos na crise agora em abril, gerando saldo líquido superior a 90 mil vagas. Em março, a indústria criou 75,5 mil empregos formais.

A aceleração do movimento de procura por força de trabalho começa a esbarrar em gargalos. Há pressões em setores-chaves da recente retomada econômica, como a construção civil. No Rio de Janeiro, segundo o sindicato da categoria, os trabalhadores conquistaram no mês passado reajuste nominal entre 8,99% e 10,86%. Nos 12 meses até março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulou alta de 5,3%.

Em São Paulo, o reajuste poderá ser ainda maior. O sindicato dos trabalhadores no Estado negocia proposta de reajuste de 10% acima da inflação. " Há uma guerra entre as empreiteiras, que lutam pelos mesmos pedreiros e mestres de obras. Os trabalhadores estão ganhando sempre. Nem durante os anos 70, quando havia muita demanda devido à política industrial do Estado, vimos situação parecida " , diz Antônio Ramalho, presidente do sindicato.

O vice-presidente de relações capital trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Haruo Ishikawa, adota um discurso cauteloso, preferindo não dizer qual percentual de aumento considera factível para os trabalhadores do setor, por estar na mesa de negociação. " É necessário ter os pés no chão " , diz ele, observando que insumos importantes como o aço têm subido de preço. O longo período de estagnação do setor, que durou até 2004, deixou como herança a escassez de mão de obra mais qualificada, diz Ishikawa. Segundo ele, o setor tem um convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para qualificar 60 mil trabalhadores neste ano em São Paulo. " E o setor está acostumado a qualificar trabalhadores nos canteiros de obras. "

O economista Fábio Ramos, da Quest Investimentos, destaca a alta dos salários na construção civil. Nos 12 meses até abril, o custo da mão de obra subiu 9,71%, segundo o Índice Nacional do Custo da Construção - 10 (INCC-10). É a maior alta nessa base de comparação desde julho de 2004. Ramos ressalta que a criação de empregos formais em março foi disseminada por todos os setores. A construção foi bem, com a geração de 38,6 mil vagas, mas o grande destaque foi o setor de serviços, com 112,5 mil postos. Os juros baixos para padrões brasileiros e a expectativa de forte crescimento são importantes para explicar a atual força do mercado de trabalho, diz Ramos.

Segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), os acordos com reajustes reais devem superar o recorde atingido em 2009. No ano passado, segundo levantamento do Dieese, o equivalente a 79,9% dos sindicatos de trabalhadores conquistaram acordos salariais superiores a inflação. " O ambiente é extremamente favorável às negociações. O país está crescendo de maneira diversificada, todos os setores estão demandando mão de obra, ampliando investimentos e se apoiando no mercado interno, que se fortalece justamente com a melhora do emprego e dos salários " , afirma.

A melhora na remuneração convive com o aumento da formalização, observa Romão. Para o economista, esse movimento duplo facilita o acesso do trabalhador a linhas de crédito, aumentando, portanto, seu poder de compra. A aceleração do consumo, por outro lado, já tem se refletido em aumento de preços (ver abaixo).

As pressões são mais evidentes na construção civil, mas também começam a aparecer em outros setores. Na indústria elétrica e eletrônica já há relatos de falta de mão de obra qualificada, segundo o gerente de economia da Abinee (a associação que reúne as empresas do setor), Luiz Cezar Elias Rochel. Segundo ele, a escassez de profissionais qualificados vai " do chão de fábrica até os níveis executivos " . O ponto é que mesmo no caso dos profissionais que atuam no chão de fábrica há exigência de qualificação, segundo ele.

Na indústria eletrônica, há necessidade de conhecimento para lidar com equipamentos computadorizados, por exemplo. " Começa a ocorrer uma disputa entre as empresas por trabalhadores mais qualificados " , afirma. Não são pressões de custos generalizadas, como no caso de um dissídio elevado, muito acima da inflação, mas de todo modo há um impacto, ainda que mais localizado. O número de trabalhadores no setor, que era de 165 mil trabalhadores em outubro de 2008 e caiu para 155 mil em maio de 2009, por conta do impacto da crise, voltou a 165 mil em fevereiro, diz Rochel.

Na indústria têxtil também começa a haver escassez de mão de obra qualificada em lugares como São Paulo e Santa Catarina, segundo o diretor-superintendente da Abit (a associação do setor), Fernando Pimentel. Ele diz que a questão do custo de mão de obra preocupa o segmento, que já enfrenta a forte concorrência dos asiáticos, facilitada pelo câmbio valorizado. Nesse cenário, ele considera importante que as negociações salariais sejam conduzidas com cautela, para não haver aumentos de custos muito pesados.

" A aceleração da economia pode e deve ser usada em mesas de negociação para aumentar salários " , diz Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que congrega quase 7 milhões de trabalhadores. " Se num ano de crise disputávamos 1% ou 2% de aumento real, podemos conseguir mais num ano de alta forte do PIB. "